quinta-feira, 18 de outubro de 2007

OHNE SONNENSCHEIN

A janela aberta e a tarde pavorosa e gelada
o céu está mais cinza que o retrato dela.
O gramofone toca para as paredes
e Florbela está entreaberta em suas mãos por quê?
Você dorme feito um anjo distraído
você dorme feito uma pedra
você dorme feito um cadáver
ou como se estivesse longe daqui.
Será que você foi pra longe daqui?
As cortinas rasgadas
e a morbidez do olhar azul do siamês?
A agulha já no selo da Deutsche Grammophone
fazendo aquele ruído
de deixar os nervos nas pontas dos dentes.
E você dorme feito um anjo distraído
e você dorme feito uma pedra
e você dorme feito um cadáver
ou como se estivesse longe daqui.
Será que você foi pra longe daqui?

(E quando a noite caiu o siamês se atirou da janela,
ele se atraiu por um anjo drogado feito macaco num pinheiro.)

R.Braga Herculano.

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