quinta-feira, 27 de março de 2008

ÉPICO

Sobre chãos incessantes de terra batida
eu deságuo suor e desespero
sinto o peso de um céu como se fossem sete.
mãos calejadas, ferramentas tão roídas quanto a minha cara.

Mas eu teimo
porque quem teima vive mais e enterra seus desafetos.

Eu vegeto ou devaneio?
pois não morro e ainda quero chegar onde desconheço.

Eu cresço dentro de mim
quando o sol quer me engolir
ele é dono de toda luz
mas nunca vai torrar nosso modo de olhar a vida.

Ainda que torre as nossas horas.

R.Braga Herculano.

domingo, 16 de março de 2008

AOS “GRANDES”

Homens normais, mas

Líderes tiranos ou mestres boçais

De ciências ultrapassadas

Ou então nossos pais

De olhos vendados para o novo

Vão ficando pra trás

E como vão manter o posto?

Gestores bestiais

Monges-executivos em

Fábricas-templos-minas

De deuses predadores de carne humana

Os mesmos de outros germinais

Os grisus doparão o mundo ao descaso?

Cuspir na cara em vez de “heil”

Nove nove para presidente.

Abriram escolas e puteiros

Igrejas-nazi-universais

Há um além só de dinheiro.

Vêem-se senhores da Terra mas

São irmãos da loucura

Ou os pais da mentira

Vivendo essa ditadura da falsa democracia.

R.Braga Herculano.

sexta-feira, 14 de março de 2008

SHE LEFT ME BEHIND

Deixe a sala escura assim como está.
Não esqueça de me deixar só
Eu quero a companhia de sombras e penumbras mal formadas pelas frestas das janelas.
O dia jamais nascerá aqui enquanto eu estiver.

A linha do tempo
quero ver correr com os fios enevoados tabagistas.
Ouvir
só os estalos do teto e o blues estalados de velhos.
1977
1980
2008
O tempo é uma linha imensa
e ainda fez o favor de levá-la embora.

R.Braga Herculano