quarta-feira, 12 de outubro de 2011

(ainda sem título)

um jato elétrico de música atravessa blocos de gelo;
nos vãos de meu cérebro e se finca nas suas paredes

algumas delas neutras
outras carregadas de imagens complexas
e faz-se a sua marca
à prova do tempo tal como o som de teu riso
mesclado ao perfume do ontem
e ontem

não acreditava eu
estar só
mesmo sem sequer
uma voz a cortar
a minha voz
que se engessa
junto à massa do silêncio.

E silêncio...

(R.Braga Herculano)

ainda sem título

deixando-lhe fugir
os mais coloridos pássaros
ao abrir o peito.

sonhando com os olhos
colados nas estrelas.

virando
a cabeça para o lado mais
brilhante
do horizonte.

escalando
as montanhas
que sua fé outrora não tentou escalar.

demolindo
os castelos
assombrosos
de seu imaginário.

pisando sobre a areia
que seu mar de sentimentos
há de cobrir às vezes

sentir
o dissolver das nuvens
agora um tanto acobreadas

olho para cima
deparo-me
com um batalhão de almas plásticas
as mesmas
a me perturbar
nos intercalares de sonhos e pesadelos

suas marchas
suas danças
surrealisticamente

e o céu vai ficando
profundo
profundo
profundo
profundo
profundo...

(R.Braga Herculano)

(ainda sem título)

Santa morte!
Coroe seus filhos famintos!

Aqueles herois de família
decapitados pelo capital.

Todas as honras!
Todas as glórias!
Além de um prato de felicidade!

(R.Braga Herculano)

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

(ainda sem título)

No espaço
todos os corpos

deixam a inércia de lado
e movimentam-se
em cirandas
em círculos
forma-se um circo.

para tentar me convencer
de que a vida
ainda existirá
por muitos e muitos anos...

na superfície desse mundo meu, aliás,

mundo no qual fui mergulhado
pois nunca foi de fato meu.

e sigo empedrando
tudo que está dentro de mim;
sentimentos de mármore
cada vez mais numerosos e
postos sobre a relva
na qual deitam-se
todos aqueles
que alemejam o esquecimento...

(R.Braga Herculano)

(ainda sem título)

Preciso da insatisfação do cotidiano,
das frustrações profissionais,
da solidão,
das dores no estômago,
da saudade,
dos conflitos com os poucos que vejo ao meu redor.
Não necessariamente devo me jogar do viaduto,
mas preciso viver sentindo vontade
de viver sentindo tudo isso,
de fazer isso também.
Preciso mesclar tudo isso
ao meu senso de humor apurado e malicioso,
de fazer piadas mesmo sem enredo,
do adverso.
Mas sempre com uma ponta de melancolia ao fundo,
simbolizada com meu meio-riso que
ao mesmo tempo faz tornar os pensamentos todos
para o lado sombrio de tudo.
Me compus para um segmento
tão difícil de se compreender para os vivos.
Para os mortos
sou apenas mais um sobre o chão.
Em vão, às vezes, me construo.
Porque a vida há mesmo de destruir
a tudo e todos...
um dia.

(R.Braga Herculano)

terça-feira, 4 de outubro de 2011

UMA ORELHA NA PÁGINA DAS ESTATÍSTICAS DA VIDA

Nasce mais um.
Nasce mais um neste instante.

É uma lombada que se instalou
na estrada da morte.

Reticências, também...

(R.Braga Herculano)

BANG!

... na claridade das próximas horas...
... na claridade das próximas horas...
na claridade,
na claridade,
na...

vida essa
com momentos tão velozes
quanto projéteis!
Mas são
projéteis!

(R.Braga Herculano)

DESTINO

Destino. Nome sem coisa.
Irmã da sorte. E da pós-morte.
Segue firme e forte por onde tem de ir.
Pelas linhas ilegíveis de uma estrada retratada
em panorama esfumaçado e mofando nos átrios de nossa imaginação.

E seguimos imaginando outros nomes sem coisa... para sempre.
Destino de gente devaneadora.
Devaneio.
Destino.

(R.Braga Herculano)