terça-feira, 1 de dezembro de 2009

POST-FILM

...drama
komödie
roman
krieg
spannung
terror
fiktion
aktion
dokumentarfilm
musikalisch
leben

der ende...

R.Braga Herculano.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

domingo, 12 de abril de 2009

MAIS DAS TURVAS II

Essa não é uma nova.
Talvez seja um pedaço sobrevivente de um dos poemas anteriores que ainda agoniza, mas que sabe que o "futuro" é uma palavra surreal.
Assim como o agora é o fio e o tétano - não há desvio.

Essa não é uma nova.
Tampouco uma reticente cuspida por uma alma perdida que insiste em não se ver perturbada.
Essa borra de palavras que compõem a porra que é esse "poema"
são só palavras perdidas de alguém que sabe como a vida de um mortal dói
e que esperar pela tal vida eterna é uma loucura e por isso, a vida dói ainda mais.
A esperança está na poeira
Choverá
logo ela estará na lama mesmo.

Essa não é uma nova.
Tampouco uma carta de despedida (e quem me dera que fosse)
É apenas uma brasa vil e esquecida na ponta de um sonho esquecido
quase que descartado, é o lado
nulo dos restos de dias formigados no meu prato
o abstrato vil no vazio do silêncio da incerteza
que me ronda e me persegue com aquela cara fria.

E crispam-se as janelas, são ribombos do firmamento
ode ou aleluias aos meus transtornos
torno-me dentro de mim outra vez
dentro de tudo e engolindo com os olhos embaçados minhas irmãs-paredes:
Paredes tão caladas e mórbidas
tão suturadas
quanto eu.


R.Braga Herculano.

sábado, 28 de março de 2009

QUEM DERA SER MAIS UM DOS DISTRAÍDOS

Sonhos desencontrados são uma desgraça para os (trans)lúcidos
acordados mas de olhos distorcidos
aflitos somos, estamos, vivemos
quem dera ser mais um dos distraídos.

Eu nunca pisei de verdade no chão
os passos entendo como em falso sempre
crateras
sarjetas
umbrais.

Eu tento me soltar das camadas aéreas mas o vácuo
me rejeita.

Há algo em mim que eu quero e espero
mas apenas
de mim.

Julgo pensar mas nunca me mergulhei de verdade
me instigo e me incomodo com a palavra "eu".

Há um misto de esperança e pesadelo
sentimentos que eu sinto e desconheço
com os olhos pregados na linha laminada dos mistérios
pareço um morto-vivo vivendo até morrer em vão
de um possível sentido.

Aflitos, somos, estamos, vivemos
quem dera ser mais um dos distraídos.

R.Braga Herculano.

EISBÄR

Sobre um bloco pesado de gelo
meu coração vai deixando de ser um coração
para ser simplesmente um pedaço de carne. Congelando

entregando cada uma de suas fibras
aos ingratos cristais da inércia
deixando seus pulsos e soluços entrevarem
no âmago da incerteza
que domina o passado velho músculo. A se selar

nas páginas de séculos que se perderão
páginas de séculos que se amarelecerão
páginas geladas de carimbos turvos
até quem sabe um possível novo ciclo. E a eternidade

que se preze é uma tundra
o fim do fim é a re-morte
quem tem a sorte de viver pra sempre
que não se atreva a ressurgir.

R.Braga Herculano.

sábado, 21 de março de 2009

SOBRE TODAS AS BEIRAS DO ABISMO, LATEJA ENTÃO A CABEÇA DE SATÉLITE...

E minha cabeça de satélite lateja.
Me vem nesta madrugada de dor um afã de escrever - mas não sou eu.
Talvez nunca fui eu.

Na ânsia de desfiar a vertigem
surgem-me linhas duplas e caracateres acesos
além de pontos múltiplos.
Nas mãos a palavra-chumbo-laser-tinta-sangue:
"Escreva poesia. Caso contrário seja um atirador de elite." - me dizem.

E o redor deu-se o torno de roleta.
Todos os oito ou oitenta e oito espíritos - cada um em seu estado
saiu de mim.

Fico só eu murcho e opaco
mas psicografo uma parte do que dizia uma de minhas almas,
era a suicida que vagueia,
no além das eiras que eixam o mundo
sobre todas as beiras do abismo - como se equilibrar nos cabos de um teleférico.

Psicografo em processo eletromagnético
e jogo tal carta num multiprocessador.

E pensando em liquidar os escritos, eis que me surge um octopus
vertendo tentáculos engarranchados,
frases desconexas e pus.

Frases desconexas me dão medo tem horas - posso estar lendo o meu epitáfio.


R.Braga Herculano.

domingo, 8 de março de 2009

ZIMBROU

Zimbrou zimbrou zimbrou nessa aurora nova
zimbrou zimbrou zimbrou após inércia em pó
zimbrou zimbrou zimbrou no chão do vale dos ossos secos
zimbrou zimbrou zimbrou eis a vida reciclada.

Gramma berida bimbala
pela grama havia suja grana entornada de ferida de gente bebida na aorta
quantas balas se perderam no caminho
mas tudo passou passou e passou.

As abelhas carrosselam outra vez
ou são ninfas?

As abelhas carrosselam
oh,cabeça viu, entranhada com o ziiim ziiim ziiim
zimzim urullala zimzim urullala zimzim zanzibar zimzalla zam
as abelhas africanas no meu núcleo cerebral
me instigando a viver paixões sintéticas.

E se for um futuro derrame?

Traque metroveque mecanocre cordicore cordicore cordicore
metroveque retraretra zimzim grrrr....
Sino soa sonso nessa superfície nonsense.
E o se?
Bleng bleng bleng gaga di bling blong.


E zimbrou zimbrou zimbrou nessa vida reciclada
zimbrou zimbrou zimbrou após o vale dos ossos secos
zimbrou zimbrou zimbrou no chão da inércia em pó
zimbrou zimbrou zimbrou eis a aurora nova.



R.Braga Herculano.

(Homenagem a Hugo Ball)

ENTENDA COMO UM PRINCÍPIO DE UM MANIFESTO (Parte I)

Vamos querer poesia
como contra-porrada
essa que não deixa de ser um murro de entrada pelas portas dos fundos (entrelinhas).

E dispersá-las mesmo.
Como os deuses dispersam limalhas acesas na Via-láctea.

Vamos dissipá-las no fundo das escotilhas
que são as abóbadas dos templos dos bêbados - mas me diz:
Há algo mais etílico do que sonhar?

R.Braga Herculano.

5:43 p.m.

Os ponteiros contagirando na escada curva
o sol já vermelho espiando a turva janela convidando-me
a caminhar na estrada morta.

Mas o sino dobra louco, hein?
O tempo fez os meus ouvidos sempre moucos
escutarem o estouro dos tambores da extratosfera
ribombos além demais daqui
fez escutar o oco dos ecos
e o rouco cuco quase já sem cordas - ele precisa viver até o tempo do tempo do tempo evanescer, ele é o senhor do tempo.

Mas o que predomina
são as canções tortas de tristes
nas rodoviárias de fins de tarde.

São harmônicas
afônicas
diante o rushear dos autobus.

E os vagabundos profetizam o marasmo de amanhã.



R.Braga Herculano.

DAS ÁRVORES

Em mangueiras, há timbus
em coqueiros,preguiça
em jenipapeiros, um chão imundo
em jaqueiras, varejeiras
em jambeiros, tapetes
em laranjeiras, vizinhos
em goiabeiras, tapurus
em tangerineiras, tem eu
em caramboleiras, infância
em gravioleiras, desmetrópoles
em mamoeiros, ninguém
em amendoeiras, todos
e nos araçaeiros não tem nem mundo mais.

R.Braga Herculano.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

SINAL DE QUE OU ONDE EU NÃO ESTIVE (OU AINDA LAPSOS OMEGÁSTICOS APÓS UMMAGUMMA - PARTE XI)

Ar em espiral sopra ebulindo cabeças
lua ebúrnea, testemunha indiferente a tudo.

Veraneios ciclonados
meteoros-balas-ácidas
portos vagos
e missas - sem cruzes - de corpos presentes.

Um torpedo leva um ícaro às asas de um pterodáctilo (ou nos confins da abóbada celeste,
onde reinam os mistérios de pavões e asa-deltas sugadas por um deus desconhecido e necromagnético - ?) entre os helicópteros
batedeiras, nuvens de claras de ovos
essas que transbordam com cara vômito.

Com cara de vômito, todosdiante dos barcos-pêndulos
num mar insensato efervescendo compulsivamente
aspirinas atômicas.

Aquele que de maremoto,
o silêncio jorra:
É a tempestade estripando fitas cassettes, apenas. Mas passa.


R.Braga Herculano.

LAPSOS

Não tenho visões,
não tenho lembranças...
nem atitudes.

Só lapsos.

Assim como a vida além do basculante
assim como a vida além do horizonte
assim como a vida além do além.

R.Braga Herculano

sábado, 24 de janeiro de 2009

NIGHTMARE III

Many slack feet, dancing over North
in this abreviated morn one more new-born
was picked for the benefit of its baby-mom.
So, monkeys are cuttin' her sacrifice.

Thick red join in the floor
strawberry or blood?
Cannot see any movement
in all this battle field.

Fuck all the good masters of "art" to wield!

In the south, birds are flyin'
eating rotten heads of lost and dazed souls
between cannonballs and dark prayers
kick out other legs and shootin' a death goal.

Feel the grass in a lung
and take a flight
if you fall
remember, the road is your place.

The Space smells
rose stars and late friends
I wanna blend
all thingswith my scarry dawn
in my liquidizer...


R.Braga Herculano.

A DEFINIR

etanolírico
lisergometria
calametástase
unbanoncologia
ecologado
electromístico
necrobotânico
psicobélico
anemoxidante
caoticosmeticopolitano
dadaistocrata
opticaudiofonofobia
anticoncepconcreto
anarcopcional
stormetrosupersonico
abstrator
compassorbitante
antropocida
homociclista
cinevertigem
televirgínia
galgogalope
ruminocéfalo
musicoltrânica
literofilia
espaçonódoa
cabeçopor
anticabaça
estereofoda.


R.Braga Herculano.

REPOUSA-TE

Repousa-te em meu frio colo
que te acalantarei nessa madrugada doce e eterna
dissiparei essa angústia que te hiberna
ao acomodar-te em sereno solo.

O futuro não te amdrontará mais
apaz do Desconhecido alar-te-á
siga os espíritos subindo os espirais
siga sem medo, estarei também lá.

A dar adeus a esse mundo vil
e aos maus olores de falsa primavera
aos que riem e choram entediando nossas eras
às dores de amor e seu frio febril.

Repousa-te no meu frio colo
olvide o desdém ruidoso dos temporais
e esses amargos salões de infindos velórios
que não te deixarei jamais.


R.Braga Herculano.

0112

Não porestar morfinado
que eu esqueça que não sobreviverei.

Mesmo tomado de lembranças desenterradas
tesourinhos da juventude
ainda assim vivo a dor que há em mim
porém um êxtase pelo breve misto ao lamento do fim - é
a sensação de estar confusamente morto-vivo.

Sinto dores pelas árvores
e amargo agora é o velho perfume dos sândalos.

Invejo formigas
pena serem tão insignificantes
a não chamar a atenção do mundo.

Eu tomo o ombro dos doentes
primeira vez escuto um padre, mas
ungido estou com meu próprio sangue.
É o bastante
para lembrar que aterra é brava
e que dela nunca fugi.

Amarra a noite o meu coração
já sufocado de mim mesmo
e o relógio ainda resiste a tudo
não sei catar palavras para o agora, não mais.

Estou completamente só dentre os vivos
mas os mortos não escutam meu desabafo
eu queria chorar, mas agora é impossível
ou um tanto vão.

R.Braga Herculano.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

UMA DADAÍSTA DE GADO

pegue vinte vacas
pegue vinte bois
dê nome a eles e elas
dê um pasto a todos
e depois mande-os todos se foderem.

R.Braga Herculano.

sábado, 17 de janeiro de 2009

TARDEZINHA

A velha cigarra canta
sem pedirmos para ela cantar.

Mas quando pára,
que saudades!

R.Braga Herculano.

PRIMAL

Você grita o fim de sua dor inventada
é como um calor de exclusão aos seus desesperos.

Ou clamor de "liberdade"
pode ser que zeraram a ponto de não mais ter
alma, ouvidos e língua.

E se for daqui para a frente?

Ah, e esses olhinhos seus impregnados de uma certa nulidade
estão tolos como duas gudes sem dedos tecantes
ah, esses seus olhinhos tem hora que trêmulos
ora compulsivos, ora ansiosos
pela rigidez cadavérica do correr pro futuro...

R.Braga Herculano.

QUANTO AO CORAÇÃO DA CIDADE...

ecos secos ecos secos
secos ecos seocs ecos
ecos secos ecos secos
secos ecos seocs ecos
ecos secos ecos secos
secos ecos seocs ecos
ecos secos ecos secos
secos ecos seocs ecos
ecos secos ecos secos
secos ecos secos ecos
ecos secos ecos secos
secos ecos secos ecos
ecos secos ecos secos
secos ecos secos ecos
ecos secos ecos secos
secos ecos secos ecos
ecos secos ecos secos
secos ecos secos ecos
ecos secos ecos secos
secos ecos secos ecos
ecos secos ecos secos
secos ecos secos ecos

(por falta de espaço foram extraídas 128 repetições)

R.Braga Herculano.

FUNABEM 1978

Atrás das grades
das catástrofes
você foi força
você foi ferro
você foi fera
agora não é mais nada.
Engoliu terra e transpirou cinzas
de corpo, alma e papéis.
Vítima desestatistizada - porque a partir de agora você nunca existiu.

Você garoto
nasceu para ser peça integrante
do ex-futuro.

R.Braga Herculano.

OFF

Os compassos
contínuos se desencontram e taquicardeiam a máquina.
Olhe o tempo desinflando o planeta.
E o que será que aocnteceu com o futuro (utopia ao menos)?

Emperrante.
Desengrenador.
O ar está cada vez mais oxidante.

E os arranques elétricos dos sonhos só
são suspiros agora.

E enquanto ao chão (ao menos) ?

R.Braga Herculano.

TO A BIRDING HEART

Birding out my way
while mirrors are sea-skies
birding to grow to this world
that swims out space
in the blue-green-neon-wave
out the stars.

And you know my heart.

It is birding, maybe, over Mercury
seeking midnight sun harbour to hide itself.

R.Braga Herculano.

MINHA VIA-LÁCTEA

Mundo carrossel
alegre-triste-alegre-triste
a tempestade nunca pára
ela só se deslocou para quem sabe
a anos-luz daqui, mas regressará.

E no regresso os loucos nunca pasmam
quanto os mortos debruçados na janela
os vivos se soltaram pelo Universo
dormiram hoje em outra galáxia.

Dor,devaneiro, febre, confissões
tantos em meio à noite engolidora de corações
e eu fico aqui

a olhar os espirros de estrelas (de)cadentes.

R.Braga Herculano.

A VIDA É PÉTREA

"A vida é pétrea" - você me diz.
me impregna aos olhos
cemitérios
pois só lá que vivem os anjos
e ainda estes são apenas mármore.

Anjos de olhos duros
destituídos de misericórdia
e os que estão ali inertes
deixam esse "todo" secos, como os tais.

"Os dias têm sido claros, mas tudo é tão mórbido!" - você me diz.
saiba que vivo de esperar
umas outras quinze tempestades, pois.

"A vida é pétrea" - você me diz.
enquanto cai a noite
Essa, por ser pano de fundo
de pessoas parecendo árvores
e árvores não sairão de lá mesmo.

Ao menos que como cruzes
tais as de nossas costas.

R.Braga Herculano.


para Vana, uma amiga minha.

NOTURNO

Todos riem afogados no cálice de querosene
o querosene era o sangue dos maquinistas
mas as máquinas são elétricas
e a eletricidade era o rebento das caldeiras.

Todos presentes na sala de jantar
todos presentes na sala de espera
corpos estão presentes nos frigoríficos
e velas apagadas me soam como varais despidos
que soam como terços sem cruzes.

Na aleatoriedade da madrugada
alguém ao dizer amém faz chover cinzas
e uma criança chora como riffs de guitarra suja.

Alguém golpeia a porta
e o céu engole todos os pássaros negros com falanges nos bicos.
Todos ficam calados.

Todos ficam calados
o da voz de harpa
foi engolido por um daguerreótipo e ficou preso num tempo em traças.

Pilhas de daguerreótipos borboleteam janela afora
graças ao ciclone.
O ciclone cheirava a Freon 12
a geladeira tinha seus compressores estourados.

Corpos estão presentes nos frigoríficos
agora seguem vazando
ao chão rumo às frestas das portas.


R.Braga Herculano.