sábado, 21 de março de 2009

SOBRE TODAS AS BEIRAS DO ABISMO, LATEJA ENTÃO A CABEÇA DE SATÉLITE...

E minha cabeça de satélite lateja.
Me vem nesta madrugada de dor um afã de escrever - mas não sou eu.
Talvez nunca fui eu.

Na ânsia de desfiar a vertigem
surgem-me linhas duplas e caracateres acesos
além de pontos múltiplos.
Nas mãos a palavra-chumbo-laser-tinta-sangue:
"Escreva poesia. Caso contrário seja um atirador de elite." - me dizem.

E o redor deu-se o torno de roleta.
Todos os oito ou oitenta e oito espíritos - cada um em seu estado
saiu de mim.

Fico só eu murcho e opaco
mas psicografo uma parte do que dizia uma de minhas almas,
era a suicida que vagueia,
no além das eiras que eixam o mundo
sobre todas as beiras do abismo - como se equilibrar nos cabos de um teleférico.

Psicografo em processo eletromagnético
e jogo tal carta num multiprocessador.

E pensando em liquidar os escritos, eis que me surge um octopus
vertendo tentáculos engarranchados,
frases desconexas e pus.

Frases desconexas me dão medo tem horas - posso estar lendo o meu epitáfio.


R.Braga Herculano.

Nenhum comentário: