domingo, 12 de abril de 2009

MAIS DAS TURVAS II

Essa não é uma nova.
Talvez seja um pedaço sobrevivente de um dos poemas anteriores que ainda agoniza, mas que sabe que o "futuro" é uma palavra surreal.
Assim como o agora é o fio e o tétano - não há desvio.

Essa não é uma nova.
Tampouco uma reticente cuspida por uma alma perdida que insiste em não se ver perturbada.
Essa borra de palavras que compõem a porra que é esse "poema"
são só palavras perdidas de alguém que sabe como a vida de um mortal dói
e que esperar pela tal vida eterna é uma loucura e por isso, a vida dói ainda mais.
A esperança está na poeira
Choverá
logo ela estará na lama mesmo.

Essa não é uma nova.
Tampouco uma carta de despedida (e quem me dera que fosse)
É apenas uma brasa vil e esquecida na ponta de um sonho esquecido
quase que descartado, é o lado
nulo dos restos de dias formigados no meu prato
o abstrato vil no vazio do silêncio da incerteza
que me ronda e me persegue com aquela cara fria.

E crispam-se as janelas, são ribombos do firmamento
ode ou aleluias aos meus transtornos
torno-me dentro de mim outra vez
dentro de tudo e engolindo com os olhos embaçados minhas irmãs-paredes:
Paredes tão caladas e mórbidas
tão suturadas
quanto eu.


R.Braga Herculano.