sábado, 26 de março de 2011

A

Uma letra perdida no alto de uma página.
um poema abortado, talvez
pendurado numa pauta bamba.
uma letra bêbada
olhando de longe
o desalicerce do fim da folha.
E ela vai ter que se esborrachar,
para ter de dizer mais.



R.Braga Herculano

quarta-feira, 16 de março de 2011

(Ainda Sem Título)

desligue-se
vire-se do avesso
se olhe no espelho
estilhace-o
jogue seus pedaços
no espaço
um espaço qualquer
desate
todos os laços
de nuvens no teto...

e incompreenda
para conservar a vida.
pois tudo é nada
nesse pós-tudo
de insensatez
ou a gênese
de um mesmo sonho
desaparecido
outras tantas vezes.

e às janelas sorri um sol de mentira
mas quem quer verdade de verdade neste instante
se ela anda dolorida?

R.Braga Herculano.

domingo, 13 de março de 2011

NA PRÓXIMA MILHA

O fim do
fim do
fim do
fim do
fim é
o futuro.

O futuro do
futuro do
futuro do
futuro do
futuro é
o fim.

(R.Braga Herculano)

quinta-feira, 10 de março de 2011

INSTANTE AVENIDA CENTRAL, FALECIDA GUANABARA

Você já reparou a distância e a presença juntas

e ziguezagueando entre um e outro transeunte

até chegarem a todos eles

no movimento febril do centro da capital?



Gosto de observá-los,

sou um dos tantos,

mas nem por isso

deixo de ser espectador.



Todos os espectadores fazem parte

desse todo também.

Engraçado, no modo de dizer,

como milhões e milhões de pessoas

caminham sós.



E como o céu é grande

para comportar tantos pensamentos .

que nunca se cruzarão...



(R.Braga Herculano.)