sábado, 28 de março de 2009

EISBÄR

Sobre um bloco pesado de gelo
meu coração vai deixando de ser um coração
para ser simplesmente um pedaço de carne. Congelando

entregando cada uma de suas fibras
aos ingratos cristais da inércia
deixando seus pulsos e soluços entrevarem
no âmago da incerteza
que domina o passado velho músculo. A se selar

nas páginas de séculos que se perderão
páginas de séculos que se amarelecerão
páginas geladas de carimbos turvos
até quem sabe um possível novo ciclo. E a eternidade

que se preze é uma tundra
o fim do fim é a re-morte
quem tem a sorte de viver pra sempre
que não se atreva a ressurgir.

R.Braga Herculano.

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