sábado, 24 de janeiro de 2009

0112

Não porestar morfinado
que eu esqueça que não sobreviverei.

Mesmo tomado de lembranças desenterradas
tesourinhos da juventude
ainda assim vivo a dor que há em mim
porém um êxtase pelo breve misto ao lamento do fim - é
a sensação de estar confusamente morto-vivo.

Sinto dores pelas árvores
e amargo agora é o velho perfume dos sândalos.

Invejo formigas
pena serem tão insignificantes
a não chamar a atenção do mundo.

Eu tomo o ombro dos doentes
primeira vez escuto um padre, mas
ungido estou com meu próprio sangue.
É o bastante
para lembrar que aterra é brava
e que dela nunca fugi.

Amarra a noite o meu coração
já sufocado de mim mesmo
e o relógio ainda resiste a tudo
não sei catar palavras para o agora, não mais.

Estou completamente só dentre os vivos
mas os mortos não escutam meu desabafo
eu queria chorar, mas agora é impossível
ou um tanto vão.

R.Braga Herculano.

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