sexta-feira, 18 de novembro de 2011

(Ainda sem título)

Na sinuosidade da angústia
na aspereza do silêncio
se processa um complexo sentimento.

É aquilo que às vezes chamo de poesia -
que outras horas rejeito.

Como gabar-me desse dom?

No transpirar da alma
que cospe fogo e rosas
que chora sangue de porco
que escarra mel entre as linhas
abarrotadas de chumbo

Isto é aquilo que às vezes chamo de poesia -
que outras horas rejeito.

Como gabar-me desse dom?

E os versos saem justos
após eletrocutar seu criador
e seguem-se com tamanha autonomia
com uma pá em punho a abrir covas
para lá meter todos os farrapos de devaneios
que se encontram já inúteis nos porões da mente.

Isto é aquilo que às vezes chamo de poesia -
que outras horas rejeito.

Como gabar-me desse dom?

(R.Braga Herculano)

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