sexta-feira, 25 de novembro de 2011

(Ainda Sem Título)

Uma seta no rosto
que se recua
sem noção sequer de norte,
os olhos perdidos na maçaneta,
uma certa pessoa
se encontra entre a porta entreaberta
a entrar.

Mas antes pergunta-se? O que é lugar?

Com os cabelos unidos em óleo
com os olhos mergulhados num mar de óleo emoldurado
a sua vida também é um emoldurado
que não terminará enquanto alguém o observa.

Todos os dias ele salta de sua dimensão
todos os dias alguém lhe vê em um novo pincelado
todos os dias se inventa o conceito de todos os dias

e ininterruptamente
respira-se
mesmo que seja às quatorze horas
mesmo que seja às dezenove horas
mesmo que seja às vinte e uma horas...

Pensativo e intacto
tem em si um mundo que move por si
e remove a dormência de seu corpo minguante
sua fala é algo que se ebuliu há tempos
assim como o seu espírito.

Traz a dor de ser gelado e não sentir dor alguma
no meio de um mundo sofrível
assim como os anjos que adornam os cemitérios
mas tem carne como a dos senhores
que contam coisas de guerras antigas
de campeonatos antigos de futebol
nas praças que só eles se lembram existir
em pleno centro da cidade
assim como os pombos
que surgem independente
de se quem ali está faz a ronda ou habita
ou está experimentando a arte
de se estar vagabundamente e incompreensivelmente em paz.

(R.Braga Herculano)

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