terça-feira, 1 de julho de 2008

ESPÍRITO DE PORCO No. 2

Alvorada tá caindo
Já me perco em aperreios
Enfrentando os entretantos
que me irritam quando são para mim.

Me olho no espelho
estou com cara de jazigo
meu amigo telefona
para contar histórias de todos os dias.

Queimo uns trinta poemas
fumo as cinzas bem depois
eu a tossir papel queimado
enfisema lírico?

Ser ou não ser mais um não-ser?
Ser e viver o vão vagão?
Viajar perdido ferreamente
Sem cabeça ou sem fumaça.

Boto fora tripa e rédeas
os cavalos me odeiam
eu não vou andar no mato
vou ficar e capinar desilusões.

Qualquer coisa é coisa à toa
êta caminho embagaçado
vou aos raios que me partam
lá na terra de clichês.

Conto o amargo para alguém
que se ri encatarrado
eu não achei nada engraçado
mas me encatarrei de rir também.

Ser ou não ser mais um não-ser?
Ser e viver o vão vagão?
Viajar perdido ferreamente
Sem cabeça ou sem fumaça.


R.Braga Herculano.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

LUCIANNE MENOLI

Lírica sem métricas.
As métricas prendem o ser.
Ela se desata, é livre pra escrever
veias, sangue, coração e alma.
A gente sente seus seres sentirem
como se fossem nós mesmos.
Mas que diferença faz de nós e pessoas que ela criou com
luz e grafite?
Naturalmente uma poetisa
divinamente humana e sensível
ela se torna também autora de mundos e mundos e mundos...
Na poesia, podemos ver que a Terra é incabada
as pessoas, incabadas
as palavras, o diferencial.
Dela há o poder de especificar alguém.
Enquanto à esta poetisa
parece irmã ou amiga muito íntima
das linhas, entrelinhas, reticências e etecetera.


R.Braga Herculano. em 3/01/2008.

(Para Lucianne Menoli, uma amiga minha)

segunda-feira, 23 de junho de 2008

DIAS REMOTOS

Leram meus pensamentos
como frases em caixa-preta.
Eram códigos avulsos xilografados
no porão dos dias remotos registrados por mim:

"Nos exílios debaixo da cama
no fundo da sala de aula
atrás da igreja
ao lado do cemitério de Irajá
onde eu mudo me indagava
por que é que eu sou eu
outro eu me respondia:
você quem é pra se indagar?
você é quem pra se estudar?"

No porão dos dias remotos fui-me hediondo
em busca de desentornar o ponto de interrogação
me esqueci das horas correndo pelo ralo
esqueci de mim.

"E então, chega de passar minutos mal-passados
deito sobre a tábua viro múmia
deito-me de costas pro passado
torrado pelo sol do meio-dia
emporcalhado com a lama junto à bola
cheirando à fumaça de Free ouvindo um límpido Jazz
sou chaminé e cano de descarga
engulo seco os dissabores torpes da vista da falecida guanabara
nos vitrais baleados do madureira candelária
como quem tem a alma numa braga
e os pés no convés ancorados.

Eu nado mas afundo
no existencialismo
alma penada que se baseia em seus achismos
e funde
e confunde o fora e o dentro como se
os mundos todos fossem a mesma coisa."

R.Braga Herculano.

(Agradecimentos ao Raphael Lambach que escolheu o título deste poema.
Abraços,

Roddy.)

quinta-feira, 19 de junho de 2008

AUTUMN

I saw nude trees
empty picture open skyline to my window
horizon
autumn
grey and brown afternoon.

Read white-page-books
hurt my eyes with a razor of silence
Woolf is so quiet
my God, where are her?

Ate some untasted apples
with monosongs
old fields of space in my rememberance
rise up again my bonnie to me

Was shadows with mud houses?
The rain is coming on to wash the history.

A little of her hair
in my overcoat
with the air and a miss.

R.Braga Herculano.

LEI

Il vuoto dia che tu hai lasciatomi
quello giorno parvo
quello giorno bruto
quello giorno eterno come un inferno in mi orizzonte
che parvami tutta la notte fino adesso.

Il silenzo in ogni vuote ore spadante
scherza de amazziarmi come un diavolo
c'è il destino
o non?

R.Braga Herculano

NASKIĜI REE

Vivo Lêgera
Animo de plumo.
Plumbo de aero
Acido de larmo
Spasmo de vulkano
Birdo de fajro
Libera de tenebroj fridaj.

Naskiĝi ree
Dank'al eterneco.
ĝis la morto mortas!

Floroj Lotus sur la
Estrobo sur la teleskopo
Tra la steloj
Balas kun petaloj
Vanishenti sur la spaco.
Anhelianta horizontoj.

Naskiĝi ree
Dank'al eterneco.
ĝis la morto mortas!

Mandala multikoloraĵo
Lumo de fido multikoloraĵo
ĝardenoj estrobas tagoj kaj vesperoj
Inter ĝangaloj cindroj
freŝa helaĵo sur la ĉielo
mi profundas sur la nuboj.

Ebria de espero
Revo bono dirite!

Naskiĝi ree
Dank'al eterneco.
ĝis la morto mortas!

La morto mortas por la eterna vivo,
Amen.

R.Braga Herculano.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

ainda sem título

I
do mar
leve eu vi a onda levar o ontem e trazer
o sonho e
passou
a brisa zoou
nossos destinos com
cheiro de sal
e vista pro sol.

pó de areia no meio
da sala
sob lustres e sobre o chão
varro o tapete
e o topo do céu
com
seus cílios.

II
de rede e ócio
o fácil é viver
quando se ri sempre
quando se vê
espelhos polidos
batendo na janela aberta.

III
gaivotas ou asa-deltas?
em bando como aviões
de guerra
mas dançam no firmamento
templo e
relento o anti-horizonte
o que minimiza
o homem
enche um coração poeta.


R.Braga Herculano.

APENAS UM POEMA

Essa pode ser uma não-visceral
mas é do coração que escrevo tal
não vou me preocupar com forma e cor
o amor pelo desconhecido vai me acompanhar.

Tem sempre sol,
penumbra e confusões
profusas e difusivos escarros ou jactos de "???"
os tantos de xis e ípsilons
às vezes me cansam
quando quero entender essa teia.

Dactilografa a plenitude do seu segundo agora
quero ver você fugir do da da da da da
E seus sinais calidoscópicos

Verde
Amarelo
Vermelho
Rosa
Vermelho
Laranja

Há luzes te parando e te fazendo seguir.
Cuidado com o que dizes e o que pensa
ou com o tempo que vanishea p'rá ares e coisa além
palavras são moldáveis
coisa-com-coisa e coisa e tal
pior é quando o complexo leva o tudo pro nada.

Não seja uma qualquer anticabeça de pescoços e braços nus
imaginando o amanhã borrado numa abreugrafia
ou num daguerreótipo em traças
ou numa carta não terminada.
pior é quando o complexo leva o tudo pro nada.

Você olhará pra si
E ver seu mundo tão mundo de todos também

E o tanto de tempo enralado...

Depois não culpe a vanguarda.


R.Braga Herculano

quarta-feira, 28 de maio de 2008

WORK SURE

Work sure the clock work sure the sun
work sure your day and your noon
posterity over mars?
posterity over bars?

Work sure trips and the road
work sure the magic and the toad
work sure the lake and the princess
work sure the fire and the phoenix.

Here lays my "ieri"
I've change my shell
I've change my ton-sur-ton
My titanium bones.

Rest in peace Rod
Rest in peace Old Rod.

Work sure blood the ice man
work sure seed to the nude land
work sure the vote in the nine nine
work sure your heart to your friends.

God gaves to you a new you to you a new you to you a new you to you...

Free it yourself to the now
Free it yourself and follow the vows.

Mr. Lambach brothersoul
friend of mine
friend of my lines
written yeah
helped my light to his blue lighted eyes.

I want to live the visceral life words.

Words to say
words to pray
words to joke
words to work.

Work the clock work the sun
work the day and the noon
posterity over mars?
posterity over bars?

Work sure beat on the drums
Work sure the garden on dreams
Work sure road to the tramps
Work sure chance to the light sun.

Rebirth an "?" slidin' in space
dig the sky.

R.Braga Herculano.

Copyright (c)2008, written in 2007 by R.Braga Herculano.
by the Book "Clear Hours Vapour".

sexta-feira, 16 de maio de 2008

ANTENA

Driblando espaços e campos
deslizando por distâncias
seus raios não vêem
mas vêem movimentos e mundos e mundos e mundos.

Suas ondas tampouco
e elas ecoam e espalham sons e sons e sons.

Os trovões, as canções e os rumores
tudo é alinhado
parabolizado
ondulado.

E os laços se atam sobre o mundo
alma da bola de cristal
e eu, antiglobo
sou mínimo diante tudo ou tanta coisa.

R.Braga Herculano.