terça-feira, 20 de setembro de 2011

...

When
the void
was
the void

it was simply all.

When
this all
discovered
the existence
of
something...

...it passed...

...to feel...

...an eternal miss of the rest...

(R.Braga Herculano)

terça-feira, 24 de maio de 2011

ainda sem título

mais um poema que jaz
escrito por ser escrito, dando seu sinal de texto morto.
escrito por ser escrito por ser escrito por estar louco
de uma vontade imbecil de pulsar.

o pulsar sem sangue nesta via chega a ser cômico de tão desgraçado que é
invento uma desgraça qualquer
para ter o que fazer engordar cada linha aqui.

o pulsar sem sangue nesta via
sob céu rasgado
sob rodas de ônibus estufados
sob rodas de caminhões cambaleantes
camaleões automobilísticos
tinta, poeira, a falsa matiz dos vapores de sódio na noite...

corpos voando
corpos caindo
corpos equilibrando-se
num equilibrio sem significado.

o vento é o hit das árvores
o zunido do vento é o hit das árvores
surdas
mudas
dançantes
alegres
vegetam
vegetam
vegetam
vegetam
vegetam
vegetam
vegetam
vegetam
vegetam
vegetam
vegetam
vegetam
vegetam
vegetam
vegetam
vegetam
vegetam
vegetam
vegetam
vegetam
vegetam
vegetam
vegetam...

(Ainda sem título)

tempo esfarelante...
há tempestade...
e os urros janela afora...

e

os nós dos meus sapatos atravessaram meus olhos
os nos dos meus sapatos amarraram meus olhos
os nós dos meus sapatos subiram e escorreram-se por meus dedos
os nós dos meus sapatos estragularam quaisquer ameaças de lirismo vindas de mim
os nós dos meus sapatos dividiram meu horizonte:

a minha cara está no chão
o chão é meu espelho cego
e eu apenas preciso olhar profundamente para o meu avesso.


R.Braga Herculano.

domingo, 10 de abril de 2011

Ainda Sem Título

Caminhando
olhando para o chão.
Deixando meros vestígios de solas de sapatos
e resíduos de distração.

Só se quer um destino
mas só apresentam orações mecânicas.
Palavras jogadas no vácuo
surtindo algum efeito do avesso
surtando na cabeça dos que ofegam de medo
e tentam coragem amarradas às árvores
enquanto passam máquinas por toda a via...

Caminhando
olhando para o cão
deixando meros vestígios de solas de sapatos
e resíduos de distração.

E evoluindo para uma possível fatalidade,
fingindo uma surpresa
haverá o aborto
de outros acasos
após se abrirem os olhos.

Haverá o aborto
de outros acasos
mas esses
nunca tiveram mesmo uma pele...

R.Braga Herculano.

sábado, 26 de março de 2011

A

Uma letra perdida no alto de uma página.
um poema abortado, talvez
pendurado numa pauta bamba.
uma letra bêbada
olhando de longe
o desalicerce do fim da folha.
E ela vai ter que se esborrachar,
para ter de dizer mais.



R.Braga Herculano

quarta-feira, 16 de março de 2011

(Ainda Sem Título)

desligue-se
vire-se do avesso
se olhe no espelho
estilhace-o
jogue seus pedaços
no espaço
um espaço qualquer
desate
todos os laços
de nuvens no teto...

e incompreenda
para conservar a vida.
pois tudo é nada
nesse pós-tudo
de insensatez
ou a gênese
de um mesmo sonho
desaparecido
outras tantas vezes.

e às janelas sorri um sol de mentira
mas quem quer verdade de verdade neste instante
se ela anda dolorida?

R.Braga Herculano.

domingo, 13 de março de 2011

NA PRÓXIMA MILHA

O fim do
fim do
fim do
fim do
fim é
o futuro.

O futuro do
futuro do
futuro do
futuro do
futuro é
o fim.

(R.Braga Herculano)

quinta-feira, 10 de março de 2011

INSTANTE AVENIDA CENTRAL, FALECIDA GUANABARA

Você já reparou a distância e a presença juntas

e ziguezagueando entre um e outro transeunte

até chegarem a todos eles

no movimento febril do centro da capital?



Gosto de observá-los,

sou um dos tantos,

mas nem por isso

deixo de ser espectador.



Todos os espectadores fazem parte

desse todo também.

Engraçado, no modo de dizer,

como milhões e milhões de pessoas

caminham sós.



E como o céu é grande

para comportar tantos pensamentos .

que nunca se cruzarão...



(R.Braga Herculano.)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A ÚLTIMA PÁGINA

(Este poema foi escrito incialmente em 5 de dezembro de 2006. Eu tinha a intenção de não publicá-lo nunca em lugar nenhum para que fosse póstumo, mas desfiz isso ao reescrevê-lo em 16 de janeiro de 2011 e postar nesta página no dia de hoje, 26 de janeiro de 2011. No meu caderno-livro "Por Enquanto O Primeiro, o Único e o Último" (2006-2008), este poema se encontrava justamente na última página e foi o primeiro que eu transcrevi do rascunho para o caderno.) - R.Braga Herculano.

"E tudo vai por via adiante
estamos em outra curva.
Desencrisalidou-se a esperança, meu amor?"

(R.Braga Herculano, em um trecho de um poema ainda sem título, escrito em 10 de novembro de 2008.)

Então, "A ÚLTIMA PÁGINA"


Fico eu desenhando uma casa sob o sol
não me esqueço dos pássaros
nem daquele morrinho antigo.

Fico eu desenhando grama, flores, crianças.
Fico desenhando feito criança.
Eu vejo crianças

Enquanto sinto o meu tempo desabando-se sobre mim
me lançando sobre o chão cada vez mais
amargamente há um tanto.

E o sol está tão bonito
um pouco mais seria bom, enfim.

Enquanto sinto o meu tempo desabando-se sobre mim
tudo o que vejo esfarela-se

e as crianças que eu via há minutos atrás, desperdiçam
saborosamente esse mesmo tempo,
que me lacra os olhos a fim que eu possa somente ver
meu coração cada vez mais descompassado;

Que já não sente mais uma brisa sequer
e petrifica então tudo o que amo e que logo está
a cair em pedaços e serem varridos para longe
longe
não a ponto de tocar meu desespero.

Pois não sei para onde vou
mas estou indo.

E um menino acena sorrindo para mim um pouco antes disso.


R.Braga Herculano.

INSÔNIA

Cai a noite
e ela cava com a cabeça o travesseiro
e seu travesseiro por ser
um porta-luvas do carro de um matador de aluguel.

Cai a noite
e ela cava com a cabeça o travesseiro
a garimpar vestígios
de nuvens em seus sonhos antigos.

Mas é impossível sonhar
quando o ser se engessa no cansaço da realidade...

Seus ouvidos ocupados
de chiados e canções
e nem ouve, apenas deseja adormecer.

E a tempestade desconstroi desde uma parte de sua mente
ao seu MP3 player
mas a outra parte está alheia
a tudo ou quase tudo.

Na madrugada, o que se procura é o silêncio
nessa paz (de certa forma) de escuridão, soltar-se de seus pensamentos...

Mas o breu vai tomando cores
e o breu está tomando cores
o breu tomou cores
o breu
morreu.

R.Braga Herculano.