sexta-feira, 6 de abril de 2012

(Ainda Sem Título)

Se eu te tratar como deusa,
posso me tornar um diabo.

Se eu te encontrar num rascunho
entre meus poemas,
posso me emudecer.

Se eu te ver no espelho,
minha face se evanescerá.

Se eu te ouvir pedindo um pedaço de pão,
vomitarei meu próprio estômago.

Se eu te ver dançar entre as chamas,
minhas cinzas se perderão na lama
e escoarão
até encontrar um abismo pelo esgoto.

Se eu for te dedicar uma canção,
que seja a minha
que está para ser composta;

num amanhã qualquer
além de todas as vertigens e pesadelos
que não me fazem cessar
com o pensamento e a pena.

Mas se eu te dedicar uma canção,
que seja a canção minha
para tua vida
no dia de minha morte
que poderia ser lida
em voz alta como um soneto
de um final não tão feliz

por ser final final
mas ao menos seria
um soneto de um final de paz.


R.Braga Herculano.



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