quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

PARA O AVESSO DO QUE SOBROU DO HORIZONTE

Esta noite foi retalhada
por lâminas vermelhas e amarelas.

Passam por sombras
fazendo-as sentir a fervura do ar
emaranhado à lama negra do espaço.

Todas as sombras estáticas
sem seus corpos que as projetam em meio a

ventos espiralares que
dissolvem-se
e recompõem-se

a cada choque térmico
causado pelos delírios que se agravam
no avançar das horas.

E essas lâminas vermelhas e amarelas
ferventes,
cortantes
E essas sombras geladas,
opacas,
evanescentes,
apavoradas...

Esta noite foi sufocada
por novos edifícios que proclamam
a superação dos homens;

Agora voltam ao pó
agora são nuvens de terra
agora vão-se aos poucos para os distantes montes
mas param no caminho;

Sucumbem às chuvas
agora tudo é lama
na superfície que cobre
as pálpebras duras
dos pacotes de carne
sem sopros de vida
estes desviados
para o avesso do que sobrou
do horizonte

Assim meio que por acaso...

(R.Braga Herculano)

Nenhum comentário: