domingo, 21 de dezembro de 2008

TERMINAL

Aquele homem que olha serenamente o mar
não me lembra nem um pouco o demônio da noite passada.
Etilizado com um ódio de si mesmo
a tal ponto
de odiar a tudo e todos.
E hurricaneado torce os ventos como centrífuga,
que pavor, meu Deus!
Como um bicho devorou aqueles dois ramalhetes
que você havia mandado e
restituiu os espinhos com vinho e gosma.
Pelo caminho se cortou a sangue frio
viscoseando as trilhas do abismo
que é o final da rua.
Pela traquéia suja
fumaça da amplidão
ou filamentos de óleo diesel
misturados a suor e estrada de chão.
Deve ter ido longe até se encontrar
num rancho de almas perdidas
ou então
se perdeu até tentar encontrar alguém.
Ele desceu a fim
de engolir o azul
e agora pára assim sem mais nem menos.
E eis que o areal seja o mais tortuoso de todos os seus leitos
e por enquanto, todos despercebidos agora
pra se cumprir
o inevitável talvez...


R.Braga Herculano.

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