domingo, 8 de março de 2009

ZIMBROU

Zimbrou zimbrou zimbrou nessa aurora nova
zimbrou zimbrou zimbrou após inércia em pó
zimbrou zimbrou zimbrou no chão do vale dos ossos secos
zimbrou zimbrou zimbrou eis a vida reciclada.

Gramma berida bimbala
pela grama havia suja grana entornada de ferida de gente bebida na aorta
quantas balas se perderam no caminho
mas tudo passou passou e passou.

As abelhas carrosselam outra vez
ou são ninfas?

As abelhas carrosselam
oh,cabeça viu, entranhada com o ziiim ziiim ziiim
zimzim urullala zimzim urullala zimzim zanzibar zimzalla zam
as abelhas africanas no meu núcleo cerebral
me instigando a viver paixões sintéticas.

E se for um futuro derrame?

Traque metroveque mecanocre cordicore cordicore cordicore
metroveque retraretra zimzim grrrr....
Sino soa sonso nessa superfície nonsense.
E o se?
Bleng bleng bleng gaga di bling blong.


E zimbrou zimbrou zimbrou nessa vida reciclada
zimbrou zimbrou zimbrou após o vale dos ossos secos
zimbrou zimbrou zimbrou no chão da inércia em pó
zimbrou zimbrou zimbrou eis a aurora nova.



R.Braga Herculano.

(Homenagem a Hugo Ball)

ENTENDA COMO UM PRINCÍPIO DE UM MANIFESTO (Parte I)

Vamos querer poesia
como contra-porrada
essa que não deixa de ser um murro de entrada pelas portas dos fundos (entrelinhas).

E dispersá-las mesmo.
Como os deuses dispersam limalhas acesas na Via-láctea.

Vamos dissipá-las no fundo das escotilhas
que são as abóbadas dos templos dos bêbados - mas me diz:
Há algo mais etílico do que sonhar?

R.Braga Herculano.

5:43 p.m.

Os ponteiros contagirando na escada curva
o sol já vermelho espiando a turva janela convidando-me
a caminhar na estrada morta.

Mas o sino dobra louco, hein?
O tempo fez os meus ouvidos sempre moucos
escutarem o estouro dos tambores da extratosfera
ribombos além demais daqui
fez escutar o oco dos ecos
e o rouco cuco quase já sem cordas - ele precisa viver até o tempo do tempo do tempo evanescer, ele é o senhor do tempo.

Mas o que predomina
são as canções tortas de tristes
nas rodoviárias de fins de tarde.

São harmônicas
afônicas
diante o rushear dos autobus.

E os vagabundos profetizam o marasmo de amanhã.



R.Braga Herculano.

DAS ÁRVORES

Em mangueiras, há timbus
em coqueiros,preguiça
em jenipapeiros, um chão imundo
em jaqueiras, varejeiras
em jambeiros, tapetes
em laranjeiras, vizinhos
em goiabeiras, tapurus
em tangerineiras, tem eu
em caramboleiras, infância
em gravioleiras, desmetrópoles
em mamoeiros, ninguém
em amendoeiras, todos
e nos araçaeiros não tem nem mundo mais.

R.Braga Herculano.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

SINAL DE QUE OU ONDE EU NÃO ESTIVE (OU AINDA LAPSOS OMEGÁSTICOS APÓS UMMAGUMMA - PARTE XI)

Ar em espiral sopra ebulindo cabeças
lua ebúrnea, testemunha indiferente a tudo.

Veraneios ciclonados
meteoros-balas-ácidas
portos vagos
e missas - sem cruzes - de corpos presentes.

Um torpedo leva um ícaro às asas de um pterodáctilo (ou nos confins da abóbada celeste,
onde reinam os mistérios de pavões e asa-deltas sugadas por um deus desconhecido e necromagnético - ?) entre os helicópteros
batedeiras, nuvens de claras de ovos
essas que transbordam com cara vômito.

Com cara de vômito, todosdiante dos barcos-pêndulos
num mar insensato efervescendo compulsivamente
aspirinas atômicas.

Aquele que de maremoto,
o silêncio jorra:
É a tempestade estripando fitas cassettes, apenas. Mas passa.


R.Braga Herculano.

LAPSOS

Não tenho visões,
não tenho lembranças...
nem atitudes.

Só lapsos.

Assim como a vida além do basculante
assim como a vida além do horizonte
assim como a vida além do além.

R.Braga Herculano

sábado, 24 de janeiro de 2009

NIGHTMARE III

Many slack feet, dancing over North
in this abreviated morn one more new-born
was picked for the benefit of its baby-mom.
So, monkeys are cuttin' her sacrifice.

Thick red join in the floor
strawberry or blood?
Cannot see any movement
in all this battle field.

Fuck all the good masters of "art" to wield!

In the south, birds are flyin'
eating rotten heads of lost and dazed souls
between cannonballs and dark prayers
kick out other legs and shootin' a death goal.

Feel the grass in a lung
and take a flight
if you fall
remember, the road is your place.

The Space smells
rose stars and late friends
I wanna blend
all thingswith my scarry dawn
in my liquidizer...


R.Braga Herculano.

A DEFINIR

etanolírico
lisergometria
calametástase
unbanoncologia
ecologado
electromístico
necrobotânico
psicobélico
anemoxidante
caoticosmeticopolitano
dadaistocrata
opticaudiofonofobia
anticoncepconcreto
anarcopcional
stormetrosupersonico
abstrator
compassorbitante
antropocida
homociclista
cinevertigem
televirgínia
galgogalope
ruminocéfalo
musicoltrânica
literofilia
espaçonódoa
cabeçopor
anticabaça
estereofoda.


R.Braga Herculano.

REPOUSA-TE

Repousa-te em meu frio colo
que te acalantarei nessa madrugada doce e eterna
dissiparei essa angústia que te hiberna
ao acomodar-te em sereno solo.

O futuro não te amdrontará mais
apaz do Desconhecido alar-te-á
siga os espíritos subindo os espirais
siga sem medo, estarei também lá.

A dar adeus a esse mundo vil
e aos maus olores de falsa primavera
aos que riem e choram entediando nossas eras
às dores de amor e seu frio febril.

Repousa-te no meu frio colo
olvide o desdém ruidoso dos temporais
e esses amargos salões de infindos velórios
que não te deixarei jamais.


R.Braga Herculano.

0112

Não porestar morfinado
que eu esqueça que não sobreviverei.

Mesmo tomado de lembranças desenterradas
tesourinhos da juventude
ainda assim vivo a dor que há em mim
porém um êxtase pelo breve misto ao lamento do fim - é
a sensação de estar confusamente morto-vivo.

Sinto dores pelas árvores
e amargo agora é o velho perfume dos sândalos.

Invejo formigas
pena serem tão insignificantes
a não chamar a atenção do mundo.

Eu tomo o ombro dos doentes
primeira vez escuto um padre, mas
ungido estou com meu próprio sangue.
É o bastante
para lembrar que aterra é brava
e que dela nunca fugi.

Amarra a noite o meu coração
já sufocado de mim mesmo
e o relógio ainda resiste a tudo
não sei catar palavras para o agora, não mais.

Estou completamente só dentre os vivos
mas os mortos não escutam meu desabafo
eu queria chorar, mas agora é impossível
ou um tanto vão.

R.Braga Herculano.