sexta-feira, 15 de agosto de 2008

LÍRICA

Enfrentarei os mares quando se encontrarem
debaterei com suas ondas ora sombrias
ora luminosas, ora violentas,
ora repleta de bossa sob a bruma alucinógena da quase-manhã violeta.

Enfrentarei o velho medo de dizer
que tenho medo de enfrentar o medo
e quaisquer ciclos paranóicos
que espiralam nossos dias até o dia de todos os minutos
descerem ao ralo.

Eu seguirei sons
compassos e notas cadentes ao abismo dos intervalos das músicas
que estalarão daqui a uns anos
evanescendo todo o silêncio.

Darei nós nas cordas rompidas
de contrabaixos que resmungam aos fins de tarde pelos outonos da vida
para continuar o ritual
evanescendo todo o silêncio da promissora noite.

Que seja tudo à la Blue Note ou Verve.

Eu quero também entender aquelas notas aleatórias
escoando pelos córregos e com cara de cassettes alterados
fitas ao contrário, o avesso da orquestra é uma outra ainda mais nova
dizendo : Viva a vida após tudo e um pouco mais.
Então desagua-se do rio aos mares de ondas múltiplas
aos tais mares, os mesmos.

Sigo a correnteza e ligo o mundo outra vez pra mim.

R.Braga Herculano.

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