segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

COISAS DE METRÓPOLE

os vagabundos lotam calçadas
coisas de metrópole
a noite é indiferente como sempre
coisas de metrópole
os garotos brincam com meretrizes
como quem brinca com formigas
os taxistas diringem olhando pros terços
segunda pra terça, pouca gente bêbada
os moleques lavam pára-brisas pra comprar maconha
os velhos, são mais velhos quando se assustam com esse doido tempo novo
coisas de metrópole
as calçadas mijadas e quebradas
coisas de metrópole
os caminhões passam roubando o silêncio
os executivos cheios de poses e medo
blindam em vão suas Pajero
seu sento ao lado de Drummond
olhando o mar ,cansado e puto da vida.
Eu sou do Rio de Janeiro
aliás
promíscuo paraíso infernizado
cidade amargurada e tão sambista
monumento do mistério e da ganância
pirotecnia bélica
confusão quanto ao seu futuro
turismos e funerais, enfim
coisas de metrópole.

R.Braga Herculano.

Um comentário:

Anônimo disse...

Caramba muito bom esse poema, bem parecido com prosa Herculano. Es bem realista também, deve gostar muito de Aluisio Azevedo. Gostei muito da sua abordagem sobre metropole.
Abraços grandes e parabéns
De seu fã e amigo
Darville Lizis