Aos olhos, o precipício é vertiginoso
e quem sabe o salvador
ou então a espada
ou então a porta dos umbrais.
Mas se olhar o céu
há neles pessoas flutuando perdidas.
Aqui é o lugar ideal
para os que nunca se encontram.
É preciso evanescer
quando as máquinas giram e geram suas neuroses
é preciso deslizar-se com o vento
esquecer de tudo
tentar entender
que tentar entender tudo é inútil.
Mas quem disse que servimos para
o sempre
se é o sempre mesmo que nos crema
se é o sempre mesmo que desata os nossos pés
do chão
que destoa nossos devaneios para o plano do olvidar
se é o sempre que nos arremessa por céu afora.
O agora é o mais falso de todos os tempos
faz-lhe crer num chamado futuro
e seguros esquecemos da morte
Depois tudo soa fatídico - mas não é -
estávamos apenas distraídos.
Verta toda luz que possamos ver cá
além de todo o anil do espaço
aspire os nevoeiros
esquive-se da chuva
A esperança precisa ter
os sentidos reacesos
no meio dessa tempestade.
(R.Braga Herculano)
Um comentário:
Mais uma revelação contemporânea no Brasil.
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