domingo, 10 de fevereiro de 2008

XÍCARA DE SANGUE

todo fim de tarde
tenho o anglo costume de beber da minha morte
bebo e fico bêbado
bebida febril que me arde
entranhas e me arrepia os braços
me faz pensar
me faz não acreditar no amanhã
e ele chega
pra me fazer feliz
pra me contrariar
pra me fazer insistir em pensar
em beber
em continuar a não acreditar no amanhã
em continuar a dar
goles, goles e goles dessa xícar de sangue então.
goles, goles e goles dessa xícara de medo então
goles, goles e mais goles desse enredo existencial(ista).
goles de tédio e um porre desses sóis morimbundos de sempre.

R.Braga Herculano

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