E minha cabeça de satélite lateja.
Me vem nesta madrugada de dor um afã de escrever - mas não sou eu.
Talvez nunca fui eu.
Na ânsia de desfiar a vertigem
surgem-me linhas duplas e caracateres acesos
além de pontos múltiplos.
Nas mãos a palavra-chumbo-laser-tinta-sangue:
"Escreva poesia. Caso contrário seja um atirador de elite." - me dizem.
E o redor deu-se o torno de roleta.
Todos os oito ou oitenta e oito espíritos - cada um em seu estado
saiu de mim.
Fico só eu murcho e opaco
mas psicografo uma parte do que dizia uma de minhas almas,
era a suicida que vagueia,
no além das eiras que eixam o mundo
sobre todas as beiras do abismo - como se equilibrar nos cabos de um teleférico.
Psicografo em processo eletromagnético
e jogo tal carta num multiprocessador.
E pensando em liquidar os escritos, eis que me surge um octopus
vertendo tentáculos engarranchados,
frases desconexas e pus.
Frases desconexas me dão medo tem horas - posso estar lendo o meu epitáfio.
R.Braga Herculano.
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