terça-feira, 1 de julho de 2008

ESPÍRITO DE PORCO No. 2

Alvorada tá caindo
Já me perco em aperreios
Enfrentando os entretantos
que me irritam quando são para mim.

Me olho no espelho
estou com cara de jazigo
meu amigo telefona
para contar histórias de todos os dias.

Queimo uns trinta poemas
fumo as cinzas bem depois
eu a tossir papel queimado
enfisema lírico?

Ser ou não ser mais um não-ser?
Ser e viver o vão vagão?
Viajar perdido ferreamente
Sem cabeça ou sem fumaça.

Boto fora tripa e rédeas
os cavalos me odeiam
eu não vou andar no mato
vou ficar e capinar desilusões.

Qualquer coisa é coisa à toa
êta caminho embagaçado
vou aos raios que me partam
lá na terra de clichês.

Conto o amargo para alguém
que se ri encatarrado
eu não achei nada engraçado
mas me encatarrei de rir também.

Ser ou não ser mais um não-ser?
Ser e viver o vão vagão?
Viajar perdido ferreamente
Sem cabeça ou sem fumaça.


R.Braga Herculano.

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